terça-feira, janeiro 29, 2013

Mania de tomar remédios: pode ser hipocondria


Olívia Maria

A hipocondria ou a mania de doença são dores reais, sentidas pelos pacientes, mas que tem origem de seus problemas  na mente tumultuada e na carência afetiva. Atire a primeira pedra quem nunca sentiu essa ou aquela dorzinha e logo se imaginou acometido de uma complicação muito mais séria. Não existe homem ou mulher que, pelo menos algumas vezes na vida, não se viu tomado por temores infundados acerca da própria saúde. Mas há gente que exagera. “Dor de cabeça? Só pode ser tumor no cérebro. Azia. Meu Deus, e se for um câncer no estômago?”

Pessoas hipocondríacas são assim. Estão sempre contraindo uma doença terrível. Em geral, visitam a farmácia como quem vai ao supermercado. Adoram novidades da indústria farmacêutica. Conhecem todos os medicamentos e sempre estão questionando o balconista. Não dispensam o roteiro pelos consultórios e se irritam quando algum médico lhe diz que não tem nada.

“É comum um paciente chegar ao consultório reclamando de alguma dor e o médico fazer todos os exames e não constatar nenhuma doença. Geralmente o hipocondríaco sente a dor de que se queixa e sofre. Mas o seu mal está na mente e no complicado mecanismo que rege as emoções e as relações do ser humano com o mundo exterior. Muitos dos casos atendidos em clínicas e hospitais se enquadram a síndrome hipocondríaca que atinge as pessoas “normais” na agitação da vida moderna”, diz o psicólogo Fernando Fiuza.

No fundo, o hipocondríaco é uma pessoa carente que busca na assistência médica alguém que lhe dê atenção. Ela insiste e, muitas vezes, acaba conseguindo que o médico solicite exames e prescreva remédios. Sente-se aliviada por alguns dias e, depois, encontra outro motivo para voltar ao consultório ou ao hospital. A pior notícia para o hipocondríaco é ouvir o doutor dizer que o seu problema é psíquico.

A empresária Bruna Munique, 31 anos, sofre com a doença desde criança. “Eu me lembro que sentia dores e reclamava muito com a minha mãe, e tudo estava na minha cabeça, muitas vezes ela me dava água com açúcar falando que era remédio e a dor passava” conta Bruna.

Já na fase adulta as idas ao médico foram se tornando cada vez mais frequentes, a jovem carregava uma farmácia na bolsa, não existia um único medicamento que ela não conhecesse ou já tivesse usado. “Acho que o pior para o hipocondríaco é aceitar a doença e procurar ajuda, no meu caso foram anos de visitas intermináveis aos vários médicos para ouvir sempre a mesma coisa, que eu não tinha nada, sem contar que não podia ouvir alguém reclamando que estava sentindo alguma dor que logo aquilo se transferia para mim.”

Há casos em que a hipocondria é deflagrada por uma situação traumática, como a perda do emprego ou morte na família. Metade dos hipocondríacos sofre de depressão. Angústia e ansiedade são dois componentes marcantes na psicologia de quem vive se imaginando doente.

O risco maior, no entanto, está na automedicação contumaz e na fixação da mente em sentimentos e pensamentos mórbidos o que, ao longo do tempo, pode afetar o equilíbrio orgânico e possibilitar o surgimento de doenças reais.

“O hipocondríaco quando não consegue a prescrição médica acusa o médico de incompetente, na tentativa de obter a cura para o mal que julga estar sentindo, já o médico para evitar o consumo desnecessário de algum medicamento que posteriormente pode ocasionar uma doença real ao paciente, encaminha o caso para um psicólogo que vai cuidar da doença com tratamento adequado”, afirma o psicólogo Fernando Fiuza.

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