quinta-feira, novembro 03, 2011

Papo entre mãe e filha

Neste último fim de semana, eu tive a alegria de receber a visita da minha adorada mãe aqui em Cachoeiro de Itapemirim. E, nas nossas inúmeras conversas nas madrugadas - isso porque perdíamos o sono e ficávamos conversando sobre os mais diversos assuntos -, ela me relatou um fato ocorrido dias atrás em Belo Horizonte, onde estava a passeio, quando ela ia ao supermercado fazer compras. O caixa que a atendia perguntou sobre suas próprias sacolas para guardar as compras, uma vez que sacos de plástico não se usavam mais por “não serem amigos do meio ambiente”. Bonita a justificativa do funcionário. Minha mãe, muito educadamente, pediu desculpas e disse: “Na minha época não havia essa onda verde.”
O funcionário respondeu: “Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha Senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com nosso meio ambiente.”
“Você está certo”, respondeu a minha mãe.
Mas como eu a conheço muito bem e sei que ela não iria ficar calada, ouso citar um ditado popular que ela mesma adora proferir: “Tem que dar a injeção em cima da dor.”
E ela continuou a conversa: “naquela época, as garrafas de leite, de refrigerante e de cerveja eram devolvidas à loja, subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios, caminhávamos até o comércio, ao invés de usar os nossos carros poluidores e as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis.”
É verdade. Não havia preocupação com o meio ambiente naqueles dias. Quando embalávamos algo um pouco frágil para os Correios, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico-bolha ou pellets de plástico que duram uma eternidade para começar a degradar.
Minha mãe continua... “Mas você tem razão: não havia, naquela época, preocupação com o meio ambiente. Na verdade, tivemos uma onda verde. As pessoas tomavam o bonde ou o ônibus e os meninos iam às suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como motorista particular. Então, não é cômico que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não queira abrir mão de nada. Não seria bom viver um pouco como na minha época? Será que todo esse conforto que vivemos hoje não passa de uma ilusão para todos nós, que agimos sem consciência dos danos que causamos ao Planeta a cada dia?”
A sabedoria dos mais velhos pode ser música de ação e renovação para os ouvidos.

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